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20 de agosto de 2020 - Ano 11 - Nº 590
Carreira
 

Pandemia muda percepção de carreira de brasileiros
Crise do coronavírus faz profissionais repensarem suas trajetórias

A pandemia está afetando diretamente a percepção das pessoas a respeito de sua carreira e das habilidades que possuem para se manter no mercado de trabalho. Em uma pesquisa global realizada pela Pearson, e obtida pelo Valor, 76% dos brasileiros disseram que a crise do coronavírus os fez repensar suas trajetórias profissionais e cerca de 60% disseram temer ter que mudar de carreira por conta da pandemia. Mais de 85%, aliás, afirmaram que aprenderam que o trabalho em home office demanda um conjunto diferente de habilidades daquela executadas no escritório. A pesquisa Global Learner Survey, realizada em parceria com a Harris Insights & Analytics, ouviu 7.038 pessoas com idades entre 16 e 70 anos em sete países: Austrália, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, Índia e Reino Unido. Mil e quatro brasileiros responderam.

Noventa e um por cento deles afirmaram que precisam desenvolver mais habilidades comportamentais, como pensamento crítico, resolução de problemas e criatividade e o mesmo percentual disse que precisa investir em desenvolvimento de habilidades digitais, como colaboração virtual, análise de dados e gestão remota de equipes. Em ambos os casos, esse percentual é maior do que o apresentado na média global. O percentual dos brasileiros entrevistados que consideram "ultrapassada" a ideia de trabalhar a vida inteira em uma empresa cresceu em relação à pesquisa de 2019 e atingiu neste ano 67%. Com relação ao papel dos escritórios no mundo do trabalho - 81% dos brasileiros acreditam que a Covid-19 mudou, de forma permanente, a forma das pessoas trabalharem (versus 77% na média global).

Para se preparar para esse cenário, a pesquisa também analisou como os entrevistados veem a questão da aprendizagem, requalificação profissional e a busca por novas habilidades. Globalmente, a maioria dos entrevistados (78%) acredita que o ensino online será parte importante das experiências de aprendizado de todas as pessoas, independentemente da idade, e que as incertezas na economia levarão as pessoas a buscar requalificação para se manter no mercado de trabalho.

Em tempos mais incertos, os entrevistados também disseram que será preciso assumir mais responsabilidade pelo estudo e aprendizado de novas habilidades - no Brasil, esse percentual chegou a 90%. "Essa tendência de assumir mais a responsabilidade pelo aprendizado próprio ficou ainda mais aguçada agora. Ela vem acompanhada da percepção de que é preciso ser mais flexível no trabalho, de usar novas ferramentas e tecnologias para garantir não só a manutenção do emprego, como também buscar novas oportunidades", diz Alexandre Mattioli, diretor de Produtos de Educação Básica e Ensino Superior da Pearson no Brasil.

Cerca de 60% dos entrevistados, na amostra global, acreditam que é preciso ter um diploma para ter sucesso na carreira, mas 87% deles (e 91% no Brasil) acreditam que as instituições de ensino superiores precisam se adaptar mais rápido às necessidades de seus alunos - e oferecer, por exemplo, cursos mais curtos, treinamento em habilidades comportamentais e mais opções, de menor custo, para quem está desempregado. Apenas 34% dos brasileiros consideram que essas instituições estão preparadas para responder aos desafios gerados pela Covid-19. No global, cerca de 70% dos entrevistados consideram que abrir os campi é colocar os alunos em risco.  

O estudo também mostrou que quase 80% das pessoas acreditam que os ensinos fundamental, médio e superior irão mudar fundamentalmente por causa da pandemia, e quase 90% dizem que a aprendizagem online fará parte desses três níveis educacionais. "A pesquisa indica que a pandemia foi um catalisador para alguns processos digitais na educação, mas é clara a percepção de que é preciso melhorar o ensino digital e isso pressupõe treinamento de professores, letramento digital e ter uma infraestrutura básica de acesso à internet", disse Mattioli.

Fonte: Valor Econômico - Bárbara Bigarelli.