A inflação de produtos de primeira necessidade, especialmente de alimentos, continua a corroer o poder de compra dos ganhos dos profissionais. Em julho, somente o valor da cesta básica subiu mais 1,2% em São Paulo, para R$ 1.266,92, valor R$ 54,92 superior ao salário-mínimo do país, de R$ 1.212.
Ao mesmo tempo, o endividamento das famílias brasileiras em referência à renda bruta disponível aumentou de 52,7% para 52,8%, entre abril e maio, conforme dados divulgados pelo Banco Central. A taxa de endividamento registrada em maio (52,8%) já é considerada a maior da série histórica, iniciada em 2005.
O quadro acima, de acordo com estudos, pode ser motivo de preocupação para muita gente. Uma pesquisa da American Psychological Association (Associação Americana de Psicologia) indica que 87% dos entrevistados listaram a inflação como uma "fonte significativa de estresse" em suas vidas. O desconforto, seja com a perda de poder de compra ou com o aumento dos preços das necessidades básicas, pode influenciar no rendimento profissional.
Nessa linha, especialistas em saúde mental e bem-estar sugerem nove atitudes para lidar com o estresse financeiro. As orientações foram publicadas este mês no agregador de blogues Huffpost:
- Reconheça que está estressado e descubra o que provoca isso: Pense no que fez a sua ansiedade surgir – uma reportagem sobre demissões, a última ida ao supermercado? Permanecer em um "modo" ansioso pode produzir desgastes físicos e causar efeitos nocivos à saúde mental. É crucial entender a raiz do problema fazendo a si mesmo perguntas como "o que essa emoção está me dizendo agora?" Se você for capaz de entender o raciocínio por trás do estresse, pode começar a resolver o problema.
- Quando se sentir sobrecarregado, encontre uma atividade que não exija muito "cérebro": Da próxima vez que se sentir ansioso, tente dar "um passo atrás" e faça algo que não é preciso pensar muito. Assistir novamente aquele filme preferido, lavar a louça ou correr no parque. Essas atividades, por exemplo, podem ser úteis para nos distrair de assuntos estressantes. Escolha aquela que o ajuda a se sentir mais em paz.
- Procure pequenos momentos de alegria: Em meio ao estresse e à ansiedade do dia a dia, uma boa estratégia é prestar atenção às pequenas coisas que trazem retornos significativos. É o que os especialistas chamam de "micromomentos" de alegria. Podem incluir uma paradinha para ver o pôr do sol ou apenas reservar um tempo para admirar a natureza. Sentir ou disseminar emoções positivas como gratidão e alegria entre colegas também ajuda a aliviar os momentos estressantes.
- Crie um ambiente calmo: O local onde você mora ou trabalha se relaciona com a sua saúde mental. Gastar algum tempo limpando a casa ou arrumando a mesa do escritório pode funcionar como um bônus em períodos de estresse elevado. Uma vez com a "faxina" concluída, o ambiente poderá refletir uma sensação de calma e tranquilidade.
- Priorize conexões sociais: Uma de nossas maiores forças pessoais é o desejo de se conectar com os outros. Em vez de se isolar, o que pode aumentar sentimentos de solidão e depressão, encontre maneiras de se relacionar mais com as pessoas. Vale usar o Zoom, mandar uma mensagem ou um comentário nas redes sociais.
- Tente fazer um diário: Alguns especialistas em bem-estar admitem recorrer a uma espécie de "diário em tempos de estresse" como uma maneira de se "separar" das sensações negativas observadas nesses períodos. Separe um tempo durante o dia para fazer algumas anotações e escrever o que vier à cabeça. A rotina de uma vida agitada pode reprimir muitos sentimentos e um diário pode ser uma das formas de combater isso.
- Seja legal consigo mesmo: Não desconsidere as suas emoções. Em épocas estressantes, é importante mostrar alguma autocompaixão. Pesquisas sobre bem-estar mostram que essa habilidade é fundamental para construir mais resiliência ao estresse. Além disso, reconheça que está fazendo o melhor que pode no momento. Outra dica é não economizar em "toques de apoio", como colocar a mão no coração, dar-se um abraço ou acariciar o próprio rosto. São movimentos que ativam partes do sistema nervoso e criam uma sensação de calma, segundo os pesquisadores.
- Concentre-se no que você pode controlar: Especialistas em psicologia clínica dizem que quando se sentem ansiosos em relação ao futuro se concentram no presente e no que pode ser controlado hoje. Em termos de estresse financeiro, cancelar serviços de streaming que não são usados ou criar um balanço dos gastos mensais podem ser ações úteis em dias de dinheiro curto.
- Lembre-se que coisas ruins não duram para sempre: Nem tudo o que é bom dura para sempre, assim como nada de ruim também não vai muito longe, segundo os estudiosos ouvidos. A orientação é não ficar em pânico com o futuro, tentar ser otimista e se aproximar mais de quem você mais gosta. Estar entre familiares e amigos que possam dar qualquer tipo de apoio durante meses difíceis sempre será reconfortante.
Fonte: Valor Econômico – Jacílio Saraiva. |