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19 de janeiro de 2023 - Ano 13 - Nº 711
Carreira
 

Participar de manifestações pode interferir na sua marca profissional?
Assim como uma empresa precisa cuidar da sua reputação, as pessoas também precisam

No domingo (8), as manifestações de apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro, que terminaram em invasão e depredação do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e o do Congresso Nacional, em Brasília, geraram uma série de questionamentos sobre o reflexo disso na carreira de quem participou – e na reputação da empresa em que trabalha.

Demissões por justa causa, inclusive, já aconteceram. Mas, aqueles que não foram desligados também podem "pagar um preço", caso tenham usado de violência e agressividade. Isso porque, assim como uma empresa precisa cuidar da sua reputação, as pessoas também precisam. Isso inclui não apenas "o quê" e "como" entregam as demandas de trabalho, mas "como se comportam".

E não apenas no escritório, mas na vida pessoal. É a chamada construção da marca pessoal, da reputação. E isso vai além de como você se comporta no trabalho. No mundo atual, cada vez mais digital, tudo está literalmente conectado: o que você posta nas redes sociais está diretamente ligado à sua imagem profissional. "Manifestações são legítimas e importantes, porém, a partir do momento que a violência entra em cena, é possível que a reputação do profissional seja prejudicada", explica Maria Cândida Baumer de Azevedo, sócia da People & Results, especializada em carreira e cultura empresarial.

Segundo ela, não existe mais ser uma pessoa na empresa e outra fora dela. As companhias querem, hoje, pessoas reais e por inteiro. Não alguém que "veste" um personagem no trabalho e, ao sair, se transforma. Por exemplo, no ambiente corporativo costuma ser gentil, mas ao sair é agressivo e intolerante com quem pensa diferente. "Se alguém destrói e não respeita o patrimônio público, como vai respeitar a empresa?", diz.

Além disso, há o receio de o comportamento mais violento aparecer, em algum momento, no trabalho, como em situações nas quais o tal profissional discorda. Isso pode gerar conflitos internos, medo, agressões físicas e assédio.

A atitude também pode afetar as futuras contratações, diz Maria Cândida. "É cada vez mais comum os recrutadores pesquisarem os candidatos nas redes sociais e profissionais. E um comportamento ruim do passado pode atrapalhar na hora da decisão, pois haverá o receio de se repetir".

A especialista explica que, se por um lado se fala sobre segurança psicológica no trabalho, ou seja, a importância de a empresa proporcionar um espaço de respeito e no qual os funcionários possam ser eles mesmos, por outro, a companhia também quer contar com profissionais confiáveis e sem uma imagem dúbia.

Ela reforça que isso não quer dizer concordar com tudo o que um chefe diz, por exemplo. Até porque o pensamento diverso é essencial para a inovação. A questão é ter uma opinião diferente e não aceitar outro ponto de vista. "A discussão de conteúdo é o que torna as pessoas mais profundas e criativas, bem diferente do embate e de achar que o único caminho é convencer o outro do seu pensamento", diz.

É importante o profissional entender, ainda, quais os valores da empresa em que trabalha: o que ela defende e prega? Quais comportamentos são importantes? O que é inegociável? Assim, fica mais fácil saber como agir e o que pode ser prejudicial.

Fonte: Valor Econômico – Caroline Marino.