O mês de setembro se tornou um marco na conscientização sobre saúde mental com a campanha Setembro Amarelo. Recentemente, o tema se popularizou e virou assunto não só entre amigos e familiares, mas também no ambiente corporativo.
Prazos apertados, pressão e excesso de tarefas podem levar funcionários e colaboradores a desenvolverem transtornos mentais, como depressão, ansiedade e burnout.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada oito pessoas tem algum tipo de transtorno mental. Quase 60% dos casos são de ansiedade (31%) e depressão (28,9%), quadros que cresceram desde a pandemia.
Qual é a origem do Setembro Amarelo?
O dia 10 de setembro é marcado como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A data foi criada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e reforçada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A campanha foi inspirada na história de Mike Emme, que cometeu suicídio, aos 17 anos, em setembro de 1994, nos Estados Unidos. O jovem tinha um carro amarelo e pais e amigos distribuíram cartões com fitas amarelas e frases motivacionais no dia do seu velório.
No Brasil, a campanha foi adotada em 2014 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). A mobilização acontece durante todo o mês, mas o dia 10 de setembro é oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
Qual a importância da saúde mental no ambiente corporativo?
Ansiedade, depressão e burnout são alguns dos transtornos associados ao mundo corporativo. A OMS recomenda que o ambiente profissional seja um dos principais em que medidas para prevenir problemas de saúde mental sejam adotadas.
Além disso, o maior acesso à informação faz com que cada vez mais empresas comecem a implementar programas que visam cuidar do bem-estar de seus empregados. Mas investir em assistência psicológica para os funcionários não é apenas necessário, como também pode trazer uma série de benefícios para as empresas.
Isso porque os transtornos mentais podem acarretar uma série de consequências sobre o ambiente corporativo, como incompatibilidade com o compliance e regras de boas práticas da companhia, além da baixa de funcionários e a perda de produtividade.
12 bilhões de dias de trabalho perdidos
Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) alertou para os riscos de transtornos da saúde mental na população economicamente ativa e pediu medidas mais concretas para o trabalho.
O Relatório Mundial de Saúde Mental da OMS, publicado em junho de 2022, mostrou que de um bilhão de pessoas que viviam com algum transtorno mental em 2019, 15% dos adultos em idade ativa sofreram um transtorno mental. Em contrapartida, apenas 35% dos países relataram ter programas nacionais para promoção e prevenção da saúde mental relacionada ao trabalho.
As entidades estimam que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à depressão e à ansiedade. O prejuízo para a economia global é de quase um trilhão de dólares. De acordo com a OMS, o trabalho “amplifica questões sociais mais amplas que afetam negativamente a saúde mental, incluindo discriminação e desigualdade”.
“O bullying e a violência psicológica (também conhecidos como "mobbing") são as principais queixas de assédio no local de trabalho que têm um impacto negativo na saúde mental. No entanto, discutir ou divulgar a saúde mental continua sendo um tabu nos meios de trabalho em todo o mundo”, diz a organização.
Desenvolvendo um ambiente saudável
A OIT destaca que é fundamental desenvolver um ambiente de trabalho seguro e saudável já que a maioria das pessoas passa grande proporção de suas vidas no mercado de trabalho. A organização defende investimentos na cultura de prevenção, além de uma remodelação do ambiente de trabalho.
“Precisamos investir para construir uma cultura de prevenção em torno da saúde mental no trabalho, remodelar o ambiente de trabalho para acabar com o estigma e a exclusão social e garantir que os empregados com condições de saúde mental se sintam protegidos e apoiados”, disse Guy Ryder, diretor-geral da OIT.
As diretrizes globais da OMS sobre saúde mental no trabalho recomendam algumas ações para enfrentar os riscos para a saúde mental. Entre elas a redução de cargas de trabalho pesadas, a conscientização sobre comportamentos negativos e outros fatores que podem criar angústia no trabalho.
As orientações também recomendam melhores maneiras de acomodar as necessidades dos trabalhadores com condições de saúde mental e propõem intervenções que apoiem seu retorno ao trabalho em caso de afastamento.
Fonte: Valor Econômico – Paula Martini. |