Twitter Facebook Instagram Facebook
20 de junho de 2024 - Ano 15 - Nº 783
Carreira
 

Felicidade vem do equilíbrio entre vida pessoal e trabalho
Energia positiva no escritório, sentir-se apreciado e ter senso de pertencimento são fatores relevantes para garantir satisfação

Para a maior parte dos trabalhadores, a felicidade no trabalho está diretamente ligada ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Já 70% acreditam que para garantir maior satisfação durante os expedientes é preciso manter uma energia positiva nos escritórios, assim como sentir-se apreciado (68%), ter senso de pertencimento (65%) e alinhar propósitos pessoais com objetivos corporativos (63%).

Os dados são do Relatório Mundial sobre a Felicidade no Trabalho, levantamento realizado pela Happyforce, plataforma de feedbacks e análise de funcionários para empresas, em colaboração com a World Happiness Foundation, organização global sem fins lucrativos dedicada a promover iniciativas de bem-estar. A pesquisa, obtida pelo Valor, foi feita no primeiro trimestre com 3.761 profissionais de 65 países, sendo 283 no Brasil.

"Os fatores apontados são cruciais porque podem aumentar a satisfação, a produtividade e a retenção de talentos, criando ambientes mais harmoniosos e eficientes", diz o sociólogo espanhol Luis Gallardo, fundador e CEO da World Happiness Foundation. "Esses 'insights' mostram que a felicidade no trabalho não se resume a salários e benefícios. Também envolve aspectos emocionais."

Gallardo diz que quando os empregados se sentem valorizados, conectados com a missão da firma ou capazes de manter um equilíbrio entre rotina pessoal e profissional, se tornam mais motivados e engajados. "E isso não só melhora a qualidade de vida dos colaboradores como contribui para o crescimento das organizações."

Entre os pesquisados brasileiros, 63% são mulheres, 73% trabalham em empresas de 251 a mil funcionários e 58% estão em posições de liderança.

Sérgio Cancelo, CHO (chief happiness officer ou chefe de felicidade corporativa) da Happyforce, acredita que os critérios que influenciam no clima de bem-estar das empresas também estão relacionados com componentes relacionais e sociais. O executivo espanhol cita o "aprendizado e o desenvolvimento", "a equipe" ou as pessoas com quem interagimos no dia a dia, e a "valorização". "Cada reconhecimento que você recebe tem um grande impacto na sua felicidade."

Segundo o especialista, manter as equipes "animadas" e comprometidas com os objetivos da corporação pode impedir que talentos estratégicos sigam para a concorrência. "[De acordo com a pesquisa], 58% das pessoas correm o risco de abandonar a organização onde trabalham, sendo que 43% mudariam de emprego se uma oportunidade aparecesse e 15% já estão considerando novas experiências", aponta.

Diante do resultado da análise, o paulista Miguel Nisembaum, fundador da consultoria de RH Mapa de Talentos e gestor da Líder Academy, comunidade de profissionais interessados em construir empresas mais humanizadas - organizações que apoiaram a realização da enquete no Brasil - diz que as companhias devem recorrer a práticas mais efetivas de bem-estar. "O alerta que daria às organizações é que procurem fazer com que os programas de felicidade no trabalho ultrapassem a barreira da conscientização", destaca o especialista em liderança positiva. "É ótimo ver as empresas colocando essa discussão à mesa, mas é preciso ir além, dando espaço para que os times consigam mudar as circunstâncias em que operam."

Para isso, Nisembaum recomenda incluir, cada vez mais, o debate sobre o tema no dia a dia, em ações de desenvolvimento e de reconhecimento profissional. Inclusive na maneira como lideramos, distribuímos a carga de tarefas e até como colaboramos - às vezes, com um excesso de reuniões, lembra.

O consultor recomenda a utilização de indicadores para identificar quem são, o que querem e como as equipes produzem. "De maneira geral, as empresas ainda não colocam as pessoas e o bem-estar no centro da estratégia de negócios", diz. Se fizessem isso, não só reduziriam índices de burnout e de transtornos de saúde mental, como teriam mais inovação, produtividade e resiliência para tempos difíceis", afirma.

Fonte: Valor Econômico – Jacílio Saraiva.