Twitter Facebook Instagram Facebook
25 de julho de 2024 - Ano 15 - Nº 788
Carreira
 

O que levar em consideração antes de formar sociedade com um amigo
Especialistas orientam práticas para adquirir antes e depois de fechar negócio

Em 20 de julho comemorou-se o Dia Internacional da Amizade. Muitas vezes, amigos decidem se associar profissionalmente. "A amizade torna o ambiente de trabalho mais leve, causa bem-estar e gera maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional", segundo Bruno Martins, CEO da Trilha Carreira Interativa. "O problema está no excesso e na falta de limites", complementa o especialista em recolocação profissional.

Ao contrário da situação de abrir um negócio com alguém sem intimidade, quando se elege um amigo, "já é de conhecimento dos dois a personalidade, a forma de trabalhar, a jornada e quais motivos os levaram a abrir aquele negócio", avalia Martins. Ainda de acordo com o especialista, desentendimentos passam a refletir um problema "quando os prazos não são respeitados por um dos sócios que acredita que o outro vai entender, já que eles são amigos", exemplifica.

Para que um negócio dê certo, diz Martins, é preciso haver transparência e comunicação do início ao fim. Para o psicólogo especializado em comportamento corporativo Wanderley Cintra Júnior, "a sociedade entre amigos pode ser benéfica, desde que os acordos sejam claramente estabelecidos".

"Muitas vezes, as pessoas têm dificuldade em serem assertivas e em expressar o que as incomoda", considera o psicólogo. Cintra, portanto, compreende que é crucial deixar expectativas explícitas ao invés de supor que o sócio agirá de acordo com elas. O especialista também pontua que antes de realizar acordos societários, os amigos devem discutir riscos e, em caso de dificuldades nessa conversa, ele desaconselha a construção da sociedade.

Escutar

Na visão de Cintra, é valiosa a adoção da escuta ativa, que envolve participar plenamente da conversa, compreendendo a entonação, o contexto e as palavras. "Com o advento de múltiplos canais de comunicação, torna-se cada vez mais desafiador ouvir atentamente as pessoas devido à dispersão da atenção", avalia o psicólogo. Ele traz dicas de como exercitar a escuta ativa:

  • mantenha o foco no falante, exercendo contato visual;
  • esteja atento à linguagem corporal;
  • mostre que está ouvindo com acenos de cabeça e pequenos sons de reconhecimento;
  • parafraseie e resuma os principais pontos para confirmar o entendimento;
  • evite interrupções e o planejamento de respostas enquanto o outro fala;
  • faça perguntas aprofundadas para expandir as ideias;
  • anote palavras e temas importantes.

Pessoal x profissional

"Como seres humanos, assumimos diversos papéis e cada um deles implica responsabilidades e acordos distintos", reflete o psicólogo especializado em comportamento corporativo. Os acordos em uma amizade tendem a ser mais flexíveis, com mais compreensão e perdão dado o seu caráter emocional, explica. Em contrapartida, ele diz que, no contexto profissional, os acordos são mais rigorosos, pois o objetivo é obter lucro.

Justamente essa sobreposição de papéis, desenvolve Cintra, pode gerar conflitos. A separação de momentos para desempenhar cada um deles é essencial a fim de evitar desentendimentos. "Em casa, não podemos resolver questões profissionais e, no trabalho, os assuntos pessoais podem não ser adequadamente tratados", completa.

Fonte: Valor Econômico – Rafaela Zampolli.