Uma pesquisa realizada pelo LinkedIn revelou que 10% dos trabalhadores contratados em 2024 ao redor do mundo têm cargos que não existiam no ano 2000. Entre as funções, destacam-se os cientistas de dados, gerentes de sustentabilidade e engenheiros de IA. O levantamento ouviu cerca de 5.000 usuários do LinkedIn do nível de vice-presidência ou superior, além de 2.044 profissionais de RH em mais de 10 países.
O estudo também apontou que nove em cada dez líderes empresariais do Brasil afirmam que o ritmo das mudanças no mercado de trabalho está acelerado, graças ao aumento da procura por novas funções, habilidades e tecnologias. Profissões como piloto de drone, analista de cibersegurança e estrategista de mídias digitais foram algumas que cresceram de forma mais acelerada nos últimos cinco anos.
"Esses cargos emergentes surgiram e estão se fortalecendo para atender às novas demandas e necessidades da sociedade, impulsionadas por fatores como o avanço da tecnologia, a digitalização de serviços e a valorização da segurança da informação", comenta Ana Cláudia Plihal, executiva de soluções de talentos do LinkedIn no Brasil.
Ainda de acordo com a pesquisa, as competências demandadas pelo mercado de trabalho sofreram alterações significativas desde 2016 e devem mudar em 70% até 2030 globalmente, com essa taxa alcançando 75% especificamente no Brasil. Além disso, líderes brasileiros entrevistados afirmaram que, para 2025, suas organizações estão focadas principalmente em mudanças voltadas a: adoção de novas tecnologias e ferramentas de IA (62%); investimentos na qualificação e requalificação dos profissionais (49%); e ajudar equipes multigeracionais a trabalharem melhor juntas (32%).
Habilidades do futuro
A executiva revela que o LinkedIn identificou as habilidades mais buscadas por recrutadores brasileiros para 2024, com base no que priorizam ao recrutar e contratar dentro da plataforma. Entre as mais valorizadas, estão habilidades comportamentais como comunicação, habilidades analíticas, trabalho em equipe, negociação e liderança, além de competências técnicas específicas, como SQL (Linguagem de Consulta Estruturada), gerenciamento de projetos e vendas.
"À medida que a inteligência artificial transforma o mundo do trabalho, as habilidades interpessoais, que apenas os humanos podem trazer, como comunicação, gerenciamento e liderança, estão se tornando mais importantes do que nunca", observa Plihal.
Além disso, ela defende que os conhecimentos e habilidades em IA generativa deixaram de ser competências limitadas a um setor ou cargo específico e estão, agora, cada vez mais presentes como um diferencial em diversas áreas de atuação. "Independentemente da função, profissionais que entendem como utilizar essa tecnologia para aprimorar suas atividades diárias, seja para acelerar processos, otimizar operações ou fomentar a criatividade, estão em posição de evidência em seus campos", reforça.
"A IA não está aqui para substituir profissionais, mas sim para agregar valor ao trabalho humano. Aqueles que souberem explorar as novas tecnologias, como a IA generativa, certamente terão um destaque adicional em suas carreiras", pondera.
O que muda para o RH
Segundo a pesquisa, as equipes de recursos humanos se tornam ainda mais essenciais conforme as mudanças avançam. Mais da metade (66%) dos profissionais de RH do país dizem que as expectativas em relação ao seu trabalho estão mais altas do que nunca, e 40% se sentem sobrecarregados com o número de decisões que precisam tomar no dia a dia.
"Nesse contexto de rápidas mudanças, os líderes naturalmente recorrem às suas equipes de RH para guiá-los por essa jornada e explorar ao máximo as novas oportunidades. No entanto, esses profissionais muitas vezes enfrentam uma sobrecarga significativa de trabalho, comprometendo o seu desempenho", alerta Plihal.
Outra pesquisa realizada pelo LinkedIn com mais de 2.500 recrutadores na Europa e nos EUA revelou que 73% dos profissionais de recrutamento reconhecem que precisam acompanhar as mudanças tecnológicas para manter sua vantagem competitiva e 45% esperam um aumento expressivo no uso de IA nos processos de recrutamento nos próximos três a cinco anos.
Nesse sentido, a IA generativa tem sido recebida com otimismo, com 62% dos recrutadores globalmente avaliando essa tecnologia como uma aliada essencial para otimizar suas atividades. Além disso, essa tendência reflete-se no perfil dos próprios profissionais na plataforma: no último ano, houve um aumento de 14% no número de recrutadores que adicionaram habilidades em IA aos seus perfis do LinkedIn.
Fonte: Valor Econômico – Fernanda Gonçalves. |