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20 de fevereiro de 2025 - Ano 16 - Nº 817
Carreira
 

Como lidar com a ansiedade relacionada a metas e prazos no trabalho?
O descanso não é um luxo; é estratégia

A ansiedade é como o fogo: necessária em algumas situações, mas perigosa quando sai de controle. Em baixa intensidade, ela nos mantém afiadas para os desafios. É aquele frio na barriga antes de uma grande decisão ou quando realizamos algo pela primeira vez. Quando se intensifica, ela toma conta do nosso corpo e mente: aciona alarmes falsos, acelera o coração, drena nossa energia e nos afasta da nossa melhor versão.

Um líder sob pressão extrema é como uma panela de pressão no fogo alto: quanto maior a demanda, mais a temperatura sobe. Sem despressurização ou válvula de escape, a explosão é questão de tempo. Quando a gente não explode, a gente implode.

Pesquisas demonstram que a maioria dos líderes e gestores sob estresse crônico tornam-se mais inacessíveis, mais intolerantes, mais reativos, mais evasivos e até, acredite, menos transparentes. Normal e esperado, dado o cenário de pressão.

Como já deve imaginar, é claro que isso tem uma influência significativa, tanto no clima organizacional, quanto na saúde e bem-estar da equipe, pois oscilações de humor e comportamento, além de atitudes imprevisíveis, podem gerar insegurança e ansiedade no time, que se sente de repente à deriva. Mas nunca é tarde para nos revermos e ainda em tempo, repactuar algumas rotas.

É da natureza intrínseca dos negócios essa pressão por resultado, as exigências com prazos cada vez mais curtos e a competitividade. Logo, o que está ao seu alcance e controle é a sua resposta a esse cenário. A panela pode ser substituída; a saúde mental do líder, não.

Então, pare e pense: se a sua casa estivesse pegando fogo, qual seria sua primeira atitude? Você não ficaria ali assistindo as chamas consumirem tudo, certo? Procuraria um lugar seguro. Com a ansiedade, a lógica é a mesma.

O que eu mais vejo em minhas mentorias, porém, são líderes exaustos, bebendo de uma única fonte existencial: o trabalho. Imersos na rotina, não percebem que o que antes os nutria drena agora toda a energia. Resultado? Um esgotamento que pode culminar em burnout.

Por isso, digo que o descanso não é um luxo; é estratégia. E não me refiro apenas a dormir bem, embora isso seja fundamental. Falo de pausas inteligentes no meio do caos, de respirar fundo antes da próxima reunião tensa, de encontrar atividades que reconectem com o prazer e o relaxamento. Pode ser uma caminhada ao ar livre, um treino que faça o corpo liberar a tensão, um hobby manual como o tricô ou a pintura, tocar um instrumento ou dançar. Ao contrário do que se pensa, o descanso também precisa ser ativo e estruturado. Por isso, é tão estratégico. Nada melhor do que o descanso, para combater o cansaço.

Nessa busca do que funciona para você, não há fórmula mágica, mas compartilho um segredo: o objetivo é criar um espaço seguro dentro de você. É nesse lugar que você se autorregula, (re)descobre seus limites e, acima de tudo, recupera a possibilidade e a esperança de pilotar de volta a sua vida, mas sempre pedindo ajuda quando fogo voltar a subir.

Fonte: Valor Econômico – Mariana Clark.