Além do salário, os cinco aspectos mais importantes para os profissionais decidirem por uma posição em uma nova empresa são o pacote de benefícios, com 87% das preferências; a possibilidade de equilibrar vida pessoal e profissional (69%), a opção de trabalho remoto ou híbrido (64%), a distância entre casa e empresa (50%) e perspectivas de crescimento funcional (47%).
Os dados são da primeira edição de 2025 do Índice de Confiança Robert Half (ICRH), sondagem nacional realizada pela consultoria de recursos humanos em janeiro e fevereiro. O levantamento, obtido com exclusividade pelo Valor, ouviu 1.161 profissionais, entre os recrutadores nas empresas, funcionários e desempregados com 25 anos ou mais, com formação superior. Entre os empregados, 41% ocupam cargos de liderança (gerência para cima).
A nova pesquisa mostra diferenças em relação ao último indicador divulgado, em novembro de 2024, segundo Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul.
“A preferência pelo ‘pacote de benefícios’ aumentou de 83% para 87%, consolidando-se como o fator mais importante, depois do salário, enquanto o ‘equilíbrio entre vida pessoal e profissional’ cresceu de 64% para 69%”, detalha. “A ‘possibilidade de trabalho remoto ou híbrido’ passou de 58% para 64%, mas a ‘perspectiva de crescimento’ caiu de 63% para 47%, tornando-se o critério que mais perdeu relevância.”
Os números indicam que, por influência de um momento de incertezas econômicas, os profissionais tendem a se preocupar mais com condições “imediatas”, como benefícios, flexibilidade e qualidade de vida, do que com a evolução profissional de longo prazo, analisa o executivo.
Entre os fatores mais estáveis entre 2024 e 2025, Mantovani destaca a ‘distância entre casa e trabalho’. “Manteve o mesmo percentual [50%] do ano passado, o que mostra que a localização do empregador continua um componente relevante na decisão de um novo emprego”, explica. “Isso ganha ainda mais sentido em um contexto em que muitas corporações estão anunciando o retorno [do expediente presencial] aos escritórios.”
Olho no futuro
Sobre as perspectivas dos recrutadores em relação ao mercado de trabalho, Mantovani diz que 60% avaliam o ambiente econômico como ruim e 48% esperam alguma piora no médio prazo, 36% enxergam um cenário positivo dentro dos setores de atuação de suas empresas, enquanto a maioria (82%) acredita que a situação estará igual ou melhor no segundo semestre.
“Os números sugerem que, apesar da cautela diante do contexto macroeconômico, há certo otimismo na recuperação do mercado de trabalho qualificado [voltado a profissionais com curso superior]”, avalia. “A percepção dos recrutadores pode ser um indicativo de resiliência e adaptação.”
Peneiras especiais
O estudo também aponta que 80% das companhias relatam dificuldades na contratação de talentos com qualificações. Há um apagão de currículos, resume o diretor-geral da Robert Half.
“O que vemos hoje é que a maioria dos profissionais desejados pelas empresas está empregada e atrair mão de obra passa a exigir abordagens mais estratégicas”, argumenta. “O recrutamento tradicional, baseado em candidatos disponíveis no mercado, se torna menos eficaz. As companhias precisam investir na busca de executivos que não estão procurando emprego, mas podem ser atraídos por boas oportunidades.”
Para isso, deve-se evitar o descompasso entre as exigências das organizações para preencher as vagas e o pacote de remuneração e benefícios oferecido, explica. “Algumas empresas querem candidatos altamente qualificados, mas sem ajustar a oferta salarial ou os incentivos para torná-las opções competitivas.”
Em 2025, a perspectiva é que a dança das cadeiras no mundo corporativo continue bastante aquecida, principalmente para posições especializadas, avisa Mantovani. “Com a disputa por talentos em alta, profissionais qualificados terão mais visibilidade e poder de escolha”, diz. “Já as organizações vão precisar investir não apenas em atração, mas na retenção de pessoal, a fim de evitar perdas estratégicas para a concorrência.”
Aspectos mais importantes na escolha de uma vaga, além do salário, em %
1. Pacote de benefícios |
87 |
2. Possibilidade de equilíbrio entre vida pessoal e profissional |
69 |
3. Possibilidade de trabalho remoto ou híbrido |
64 |
4. Distância entre a casa e a empresa |
50 |
5. Perspectiva de crescimento |
47 |
Fonte: Valor Econômico – Jacílio Saraiva. |